quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O peso do conhecimento

Um idoso, vagueando pelo centro do mercado em Dhantara, India, estava muito chateado por ter sido ignorado por um pequeno grupo de devotos de “Hare Krishna”, que andavam a recolher donativos de frutas e verduras na feira local.
Aproximou-se de outro idoso, sentando-se confortavelmente no passeio, enquanto o outro estava afagando um gato no seu colo e contemplando o movimento da feira e disse:
“Você já reparou na insolência de alguns destes jovens, ainda tão inexperientes e indisciplinados na vida, que passam apenas e ignoram-nos como se nem estivessemos aqui? Acho isso completamente desrespeitante... Com os nossos cabelos brancos e uma vida de experiência, deveriam aproximar-se e humildemente prestar os mais respeitos e mais ressonantes cumprimentos!”
O outro idoso acenou ligeiramente, mas considerou:
“Eu compreendo o seu ponto de vista… mas surpreende-o como as coisas podem ser vistas de forma diferente se alargarmos a visão sobre o assunto?…”
- “E que visão mais alargada poderá ser essa?” Perguntou o primeiro idoso.
“Exactamente o facto de carregar tanto conhecimento e tanta experiência pode fazer parecer a estes jovens que carrega um pesado fardo e de estar em sofrimento… E todos esses “bens” podem estar a eclipsar a simplicidade e a espontaniedade da sua luz interior, tal como um diamante bem-lustrado pode totalmente ser coberto por camadas de seda perfumada… Esse fardo poderá fazer com que aos olhos deles o considerem um ser Humano que, ao invés, considerem não ser apropriado de quem se aproximar e falar”... Levantou-se e começou a caminhar...
Enquanto o primeiro idoso assombrado pela lição, tendo vivido a mais intensa introspecção da sua vida, lentamente afastou-se do local… para uma nova realidade!...

Mendigo...por ti...

Hoje vinha pra casa e vinha a pensar:
a noite protege os amantes,
e desprotege os vagabundos
a noite protege-me a mim,
mas desprotege o meu coração mendigo...
que hoje se torna um
o meu coração à noite fica desprotegido,
como um mendigo,
a mendigar pelo teu amor...
fica sem paz e sem refugio,
sem guarita e sem recosto
e é assim que ele tem está,
para me conduzir,
sem abrigo e sem esconderijo...
sem porto seguro
e sem cais para aportar...
Dá luz ao farol
para de aí me guiar
e de aí me seguir
e de aí me perder...

TENSHI
Lisboa
23/09/2010
20:16

segunda-feira, 19 de julho de 2010

I'm not gonna think...


I'm not gonna think about her...
I'm not gonna think about her...
I'm not gonna think about her...
I'm not gonna think about the way she looks...
I'm not gonna think about the sound of her voice...
I'm not gonna think about the way she smells...
I'm not gonna think about how i loved to touch her skin...
I'm not gonna think about all the lovely things that she told me...
I'm not gonna think about how i loved her smile in the morning...
I'm not gonna think about how hard was to hang up the phone...
I'm not gonna think about how she made me feel a teenager...
I'm not gonna think about how she brought a little Shakespear into my life...
I'm not gonna think about how she made me believe that we were the only two persons on earth...
I'm not gonna think about how i got to believe in soulmates...
I'm not gonna think about how things will go from now on...
I'm not gonna think about how much unlikely was meeting her...
I'm not gonna think about i disbelieved her...
I'm not gonna think about about how fast she turned my world upside down...
I'm not gonna think about how she made a night last for a day....
I'm not gonna think about how she looked an angel sleeping....
I'm not gonna think about how much i miss her...
I'm not gonna think about how i catched a glimpse of paradise...
I'm not gonna think about how deep is my heart...
I'm not gonna think about her...
I'm not gonna think about her...
I'm not gonna think about her...
I'm thinking...

sábado, 17 de julho de 2010










sexta-feira, 9 de julho de 2010

Orange (só pra ti) (prefiro chamar-lhe red)


Quem não acredita
que temos uma pessoa guardada
uma alma geminada que nos está predestinada
Há quem julgue que não andamos à procura de uma só pessoa
Com quem passar esta vida dura

Mas descobri a cura para tanta falta de crença
Logo à primeira vista, contigo, na tua presença
Senti a minha energia
colar-se na tua
brincar com a tua
rir, rimar e voar com a tua

Tudo parou por momentos
Tudo cessou de existir
Tudo por instantes, para assistir a história evoluir
Foi um fluir, um desfile de pontos em comum
Um alimentar de pontos vitais há muito em jejum
Paixão cresceu em mim, algo bateu forte
E me deixou atordoado, por uns tempos sem norte

Espero que a sorte me ajude
que a esperança não mude
que a paciência aguente firme nesta atitude
até que surja ocasião mais oportuna
Para a união deste poeta com a sua musa

Não sabias disto? Não? Chegou a altura de descobrires
de sentires,tenho uma razão a dar-te para sorrires

Estás a ouvir? Aquilo que eu te digo que eu te faço que eu te mostro que por ti gravo
Estás a ouvir? É isto que eu sinto, por ti que eu sinto, por ti que eu sinto

Queria levar-te numa volta num lugar para fora daqui
Para longe daqui, hoje, ou quando desse jeito para ti
Respeito por ti, mantenho por enquanto só o sonho
de tardes passadas contigo com vista para o Tejo
Gostava de passar o dia deitado, só a olhar,
só a falar-te ao ouvido, coisas ditas com arte
Massajar-te com o óleo perfumado a sandalo
enquanto, incenso espalha aroma no meu quarto

Imagino-me a despir-te,
imagino-me a sentir-te,
a beijar-te, a acariciar-te
Nunca fugir, nunca mentir-te,
Ler poesia, sentimentos mostrados
Ver nascer o dia contigo e em quadros pintar-te,
Fazer poemas com o teu nome, a cores ou prateado,
Passar isto para a realidade por saber como é incrível
Quando comunico contigo tenho prazer de te ver,
Guardo a tua imagem nos olhos vou mantê-la a sorrir,
Luto com tudo e com todos se for preciso mas fico!
Não arredo pé que afinco na convicção do que sinto,

Não sabias disto?
Chegou a altura de descobrires, de sentires, tenho uma razão a dar-te para sorrires.


Estás a ouvir? Aquilo que eu te digo que eu te faço que eu te mostro q por ti gravo
Estás a ouvir? É isto que eu sinto, por ti que eu sinto, por ti que eu sinto

Queria que visses o mundo diferente do que conheces,
Que vivesses uma vida a sério como a que mereces,
Que me tivesses a teu lado,
Para que acreditasses nas possibilidades de encontrar a felicidade se amasses,
Se visses, que a atracção é mais que fatal, mais que local,
O meu interesse em ti é mesmo total,
é platónico, nada existe, ninguém sabe, ninguém se apercebe disto,
Que em mim quase não cabe,

Quase expludo, guardo tudo isto bem lá no fundo
Aguardo a tua receita para trazer ao meu mundo
Não me iludo,
Mas acredito no sentimento
acima de tudo espero que isto fique no pensamento
Que te faz sorrir, vibrar de contentamento,
Parar por um momento, fazer contas ao tempo,

Já perdido sem sentido, acreditas no destino?
Tatuei no braço por saber que me ia encontrar contigo,
Arrepiei-me quando vi pela primeira vez o teu sorriso,
E enquanto escrevo isto arrepio-me quando penso nisso.

Não sabias disto?
Chegou a altura de descobrires, de sentires, tenho uma razão a dar-te para sorrires.

Estás a ouvir? Aquilo que eu te digo que eu te faço que eu te mostro que por ti gravo
Estás a ouvir? É isto que eu sinto, por ti que eu sinto, por ti que eu sinto...


Tenshi
10/07/2010
Baseado na música de ACE
Respect!!!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Aparelho redutor de stress



Instruções de utilização:

- Imprimir a imagem numa folha standard A4

- Recortar pelos limites

- Colar numa superfície plana e firme

- Seguir as instruções adicionais constantes no próprio aparelho...

TENSHI
07/07/2010

sábado, 3 de julho de 2010

If god had a facebook

Fábula do Porco-Espinho


"Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio. Os porcos-espinhos, apercebendo da situação, resolveram juntar-se em grupos, assim agasalhavam-se e protegiam-se mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, precisamente os que ofereciam mais calor. Por isso decidiram afastar-se uns dos outros e voltaram a morrer congelados, então precisavam fazer uma escolha: ou desapareceriam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros. Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos. Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro. E assim sobreviveram…

Moral da História:
“O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas,
mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos do outro
e consegue admirar suas qualidades.”"

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Vamos acabar com a crise...


E que tal acabarmos com a crise de uma vez por todas...? Hoje dei por mim a pensar em um conjunto de coisas que até agora ainda não se tinham misturado ao mesmo tempo na minha mente, o número de ricos (milionários) em Portugal aumentou nos últimos anos, (defina-se por milionários aqueles que têm uma riqueza líquida acima de um milhão de dólares, ou seja sem contar com a primeira habitação e etc.. (que diga-se de passagem que às vezes são apartamentos de meio milhão, ou mais (de euros), dei comigo a pensar também que querem que trabalhemos mais cinco horas por semana, para enriquecer mais um bocadinho esses 10 000 portugueses (milionários)... Dei comigo a pensar que nos querem retirar o 13º mês e tudo o mais que possam para pagarmos um TGV e outras ilusões de grandeza (que diga-se de passagem 49% de nós não vai ter necessidade de utilizar e os outros 49% não vai ter meios para pagar um bilhete (os outros 2% são os políticos e os 10000 a que nós pagamos o bilhete)... Mas agora que me questionei, a solução para acabar com a crise até me parece simples...
Se conduzimos sem carta, multa, se passamos um vermelho, multa, se pescamos sem licença, multa, se passamos fora da passadeira, multa, até se fazemos um xixi na rua porque não há WC público disponível, multa... Ora, para todo o acto indevido há a respectiva "multa", então dei comigo a pensar em outra coisa, uma frase que ouvi há uns tempos, um dos maiores erros do Mundo é que por norma a incompetência não dói ao incompetente... Então que tal ser criada uma multa para os maus gestores, para os maus governantes? Ora o Sr. Eng. fez asneira ao aprovar um TGV, MULTA, o Sr. Dr. fez asneira ao querer X submarinos inúteis, MULTA, o Sr. Dr. fez x lucro indevidamente com negócios do Estado, MULTA... Ora, a crise seria mais que bem paga só com este tipo de situações... e nós (Zé Povinho) continuaríamos com algo para sobreviver...

Tenshi
Lisboa
28/06/2010
23:10

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A verdade dói... (um excerto)



(Há uns 12 anos atrás comecei a escrever uma "história", há dois anos tentei terminar, mas infelizmente coincidiu com uma triste perda na minha vida, agora, vou tentar mais uma vez... Deixo um excerto com 12 anos de idade, corrigido pelas noções do hoje...
Quaisquer comentários serão muito apreciados.


.........................

Fernando estava deitado na cama com a fotografia de Bianca numa mão e a carta na outra, nem tinha a certeza de que a queria ler, naquele momento não sabia se queria saber o que se passava com ela mas também não podia deixar o assunto pendente. Então fechou os olhos pensou nos momentos bons que tinham vivido juntos, no último beijo e que afinal não seria nada de mais... Abriu os olhos e rasgou o envelope, retirou lá de dentro a folha que continha o que ele esperava ser a resolução dos seus problemas, e começou a ler:

Coimbra, 6 de Novembro de 1998
Fernando:

Tinha escrito uma carta com duas palavras para ti, mas pensei bem e achei que merecias mais, maior consideração, e então joguei a outra carta fora e comecei a escrever esta. Mas está descansado que vais saber exactamente quais eram as palavras que estavam na outra.
Há certas coisas que eu te devia dizer, mas não é algo que se escreva, é preciso dizer cara-a-cara e como agora não sou capaz de te enfrentar nem de te olhar nos olhos não o faço.
Nunca tive jeito para escrever, tu tens, consegues fazer algo que poucas pessoas são: emanar para o papel os teus sentimentos, nunca desperdices esse dom...
Sem arrastar mais vou terminar esta carta com as tais palavras e dizendo também uma coisa que pode parecer um discurso melodramático, mas não o é. È sim um conselho obrigatório a seguir: Sê feliz e não te feches aos outros como eu estou a fazer (um dia compreenderás tudo isto).
ESQUECE-ME e ESQUECE-NOS. – Eram estas as palavras. Se ainda não entendes-te eu explico-te: tu não és para mim, pois eu não te mereço. PROCURA QUEM TE MEREÇA. Só me resta pedir-te desculpa por ter levado isto tão longe, acredita que não queria ferir sentimentos. Desculpa.
Adeus e até sempre.
P.S.- Nunca te esqueças: Eu adoro-te!

Nem queria acreditar, apesar daquilo que ela tinha feito não estava de todo à espera daquilo. Como era ela capaz? Ele não queria entender tudo “um dia” queria-a entender “agora”.
O que se passaria com ela, por muito que tentasse não conseguia perceber. Então fechou os olhos e forçou-se a dormir queria apenas esquecer as cruéis palavras naquela fatídica carta, mas a imagem da pessoa, que se alguma vez tivesse amado a sério seria a ela, não parava de o atormentar.
Sentiu-se desesperado, não podia ficar ali nem mais um minuto tinha que ir dar uma volta para espairecer, sentia necessidade de deambular pelas ruas como não fazia já há tempos.
Saltou da cama e sem pensar em mais nada saiu de casa.
À porta cruzou-se com a mãe, mas nem a olhou na cara, ela ainda lhe gritou:
–Fernando anda cá que preciso de falar contigo.
Mas ele nem vacilou e continuou a andar no seu ritmo acelerado.
Andou, andou até chegar a um jardim em frente a casa da sua princesa e ali ficou a olhar a janela do seu quarto como se na esperança de a ver lá. Depois conformou-se e voltou para casa.
Quando chegou a casa abriu a porta devagar, não queria que a mãe acordasse se já estivesse a dormir, ele pelo menos esperava que sim...
Ao chegar à sala viu a mãe sentada no sofá. Ao ver a cara de reprovação dela apressou-se a dizer:
–Não estou com cabeça para te ouvir e vou-me deitar!
–Ouve lá, por teres problemas não tens que maltratar os outros, todos têm. Disse ela num tom que o assustou pois nunca o tinha ouvido antes.
Porém isso não o deteve e seguiu para o seu abrigo. Fechou a porta à chave, deitou-se na cama e esperou que o sono o invadisse.
Não teve de esperar muito...
Na manhã seguinte foi acordado pelo som do telefone, se fosse noutra altura tinha corrido a atender, mas como tinha quase a certeza que não era a Bianca nem se dava ao trabalho de se levantar, depois de tocar quatro vezes parou. A mãe tinha atendido, ainda bem, até podia ser algo importante. _pensou ele.
Olhou para o relógio eram nove e quinze, tinha que se despachar pois tinha aulas dali a meia hora. Tomou um duche rápido, vestiu-se e foi tomar o pequeno almoço, enquanto o preparava notou num papel em cima da mesa, uma mensagem da mãe:

"Fernando fui à casa da D. Margarida porque ela me telefonou a pedir que eu passasse por lá porque queriam falar comigo.
Vê se não te atrasas para as aulas, já tens um monte de faltas. Para o almoço está uma pizza no frigorifico. Adeus. Um beijo."

Que raio podia querer a D. Margarida, bem, mas ele já não queria saber. Comeu e sem grande vontade lá foi para a escola.
Durante o dia as horas teimavam em não querer passar, mas finalmente ouviu o toque de saída. Sem paragens lá foi ele a arrastar-se para casa. Ao lá chegar viu algo de estranho, o carro do pai à porta, não era normal vê-lo ali ele só o visitava pelos anos e pelo natal. Mas com o que lhe estava a acontecer ultimamente...
Já lá dentro viu os pais juntos a conversar, um cenário estranho que já não via há tempo.
Realmente tinha que se passar algo, algo de importante, o pai não faria aquela viagem só por acaso, e nem era dia de festa, ninguém fazia anos nem nada. Será que a mãe o tinha chamado por causa da sua indisciplina? Não, não podia ser, ele já tinha por vezes feito pior e o pai nem tinha ficado a saber.
–Olá pai._ disse ele a chegar-se ao pé do sofá.
Então o pai que só na altura deu pela presença do filho levantou-se e olhou-o com uma cara de tristeza.
Fernando pensou: –Aí vem bronca, vou apanhar seca...
Mas antes que pudesse voltar a pensar fosse o que fosse o pai abraçou-o, um gesto que nunca tinha feito antes, pelo menos daquela maneira não.
Fernando assustou-se e repeliu o pai com os braços, não estava habituado àquele tipo de carinho por parte de ninguém, muito menos do pai.
–O quê é que se passa? _perguntou assustado.
–Fernando, só queremos que saibas que apesar de tudo gostamos muito de ti. _disse o pai num tom de premonição a desgraça. -O quê é que se passa? Já perguntei.
–Fernando antes de mais tens que prometer que não fazes nenhuma estupidez. _pediu a mãe.
–Mas que raio, vão-me dizer ou não? _gritou ele.
–Está bem tem calma, a tua mãe chamou-me porque achou que era melhor falarmos os dois contigo…
–Já estás a enrolar outra vez. _interrompeu o filho desta vez mais calmo.
–Sim tens razão, vamos directos ao assunto senta-te no sofá que eu explico-te tudo. _atalhou a mãe.
E assim o fez, sentou-se no pequeno sofá em frente dos pais sempre sob o olhar deles.
–Sabes hoje fui à casa da D. Margarida, ela tinha-me pedido para passar por lá.
–Sim eu sei, eu vi o bilhete.
–Tenho ali uma carta da Bianca para ti.
–Há é só isso, as cartas dela já não me afectam, não te preocupes, já estou calejado, já me chateei o que me tinha a chatear e daqui já não passa.
–Não Fernando é muito mais do que isso, mas peço-te que não faças nenhuma estupidez .
–Mãe…
–Está bem, hoje estive na casa da D. Margarida a falar com a Bianca.
–Com a Bianca? _Inquiriu incrédulo. Mas ela tinha aulas hoje, devia estar em Coimbra.
–Sim, mas ela estava cá e já não anda na universidade, anulou a matricula.
–O quê? Ela está em casa agora? Quero falar com ela!
–Não voltou para Coimbra.
–Voltou para Coimbra? Não estou a perceber nada. Então se ela já não está a estudar lá.
–Sim, mas ela vai ficar a morar lá, não sabe até quando.
O pai permanecia apenas um espectador atento a todo aquele melodrama.
–Porquê? _perguntou quase desesperado.
–Quando leres a carta vais entender tudo muito melhor...
–Então dá-me lá a carta. _disse ele num tom de voz que seria de ordem não estivesse a falar com a mãe.
–Está bem. _disse ela tirando-a da mala. Mas antes ainda tenho que te dizer uma coisa.
–Diz lá então! _insistiu ele.
–A Bianca pede muitas desculpas, ela queria-te dizer pessoalmente , mas não conseguiu, ela disse que não seria capaz de olhar para ti e falar contigo, tu não sabes como ela está a sofrer…
–COMO ELA ESTÁ A SOFRER? Não acredito. Será que ela pensa no que eu sinto, afinal tudo isto é culpa dela, foi ela que começou a fugir de mim e continua a fugir. _gritou ele com a raiva a proferir-lhe as palavras.
–A Bianca está doente. _disse o pai sem levantar os olhos, não teve coragem para olhar os olhos do filho que entretanto se levantara à sua frente.
–Doente? Doente como?
–A Bianca tem uma doença incurável. _disse a mãe com a frontalidade que ele requeria.
–Incurável?
E deixou-se cair no sofá, sem força para continuar de pé.
Fez-se um silêncio sepulcral.
Fernando sentiu naquele momento o mundo a desabar sobre ele, e ele sem força para segurar uma pequena pedra que fosse.
Depois ouviu-se umas palavras trémulas vindas daquela alma rasgada e desfeita:
–E é?... É?...
–Sim é!..._a mãe também não teve coragem para pronunciar a tal palavra. Está numa fase avançada, tem cerca de dois a três meses de vida.
–NÃO! _gritou ele com todos os sentimentos a cruzarem-lhe o coração ao mesmo tempo.
–Fernando tem calma. _pediu o pai.
Mas este nem o ouviu, agarrou na carta e trancou-se no quarto. Deitou-se na cama e começou a chorar, as lágrimas lavaram-lhe o rosto, mas o que lhe lavaria a alma que de súbito tinha ficado negra de tanta tristeza.
Tudo aquilo não tinha uma razão de ser, Bianca nunca tinha mostrado sinais de doença, quanto mais assim tão grave.
A carta! De repente lembrou-se da carta que segurava com tanta força. Com as mãos trémulas abriu o envelope com tanta delicadeza como se estivesse a segurar o bem mais precioso e delicado do mundo.
Ao retirar as folhas lá de dentro reparou logo numa fotografia dos dois que tinha sido tirada no baile de finalistas, ele já nem se lembrava que tal fotografia existia. Virou-a e leu a dedicatória:

Fernando:
Nunca te esqueças de mim, de ti e de nós.
Beijos desta rapariga que nunca se
esquecerá dos bons tempos que passámos juntos.

BIANCA
A tua princesa

Pousou a fotografia desdobrou as folhas e começou a ler:
Fernando:
Desculpa-me por tudo, desculpa-me pela outra carta , por não atender os teus telefonemas, mas não queria que sofresses mais do que o necessário nem antes do necessário, mas foi estupidez da minha parte devia ter-te dito logo.
Por esta altura já sabes o que se passa comigo, penso que a tua mãe já te disse, pedi-lhe para que esta carta não fosse tão seca... Tudo começou quando fui fazer os tais exames para a faculdade, encontraram lá algo de estranho e pediram-me para fazer mais uns e acabaram por descobrir a tal maldita doença tão rara que eu nem a estudaria, nem sei pronunciar o nome, também vendo bem, de que vale saber o nome se o importante é que tenho tão pouco tempo de vida.
Sabes Fernando, por ironia do destino quando chegamos perto da morte é que descobrimos a vida. A morte não me assusta, mentalizei-me que a minha vai chegar mais cedo, só isso, mas por outro lado o sofrimento isso sim já me preocupa, principalmente o teu. Não queria que sofresses por causa de mim, por isso é que não queria que soubesses.
Vou continuar a morar no apartamento em Coimbra, não suportaria ver as caras das pessoas daí a olhar-me com uma expressão a dizer: Condenada!
Ao menos aqui as pessoas quase não me conhecem e as minhas ex-colegas tratam-me de maneira a que eu não me sinta mal, digamos que eu sou o seu primeiro paciente em fase terminal. Apesar da minha situação ainda tenho sentido de humor, hem?...
Desculpa não te querer ver, mas quero-te recordar feliz, não a olhar para mim com tristeza.
Na realidade és a melhor recordação que eu vou levar desta vida que não foi meiga comigo, e não estou a dizer isto para que me perdoes pelo que eu te fiz nem por algo do género, não preciso disso, daqui a pouco tempo tudo estará acabado para mim.
Tenho muita pena de não ter tempo para fazer certas coisas que tinha planeado, sonhos de uma vida sabes?
É esquisito não se poder dizer coisas do tipo: “No próximo verão vou outra vez para o Algarve com os meus pais” ou “para o próximo ano repetimos”, o o dizer, "quero ficar contigo para sempre"...
É triste saber que pior que gostarmos de alguém, mas não estarmos juntos por não sermos correspondidos é gostar de alguém, sermos correspondidos, mas não podermos estar juntos porque o destino decidiu oferecer-me esta doença.
Foste a melhor coisa que me aconteceu na vida.
Adeus e até sempre.
Amo-te...

BIANCA


As lágrimas não paravam de lhe correr dos olhos...

.............................

Tenshi
Grândola
Lost track of the timeline ...

domingo, 20 de junho de 2010

Um pequeno "agradecimento"...

Adeus e um até já...


Não faço ideia do que vou escrever, mas senti uma necessidade e um ímpeto para o fazer... Sexta-feira, 18 de Junho do ano 2010, na hora de almoço do trabalho e enquanto esperava que fosse servido olhei para a televisão (coisa rara mesmo) e no roda-pé estava a notícia: Morreu o escritor português José Saramago... Morri durante uns instantes também... Congelei o olhar na TV, à espera que a noticia desaparecesse, como quem não quer acreditar... Apesar dos seus 87 anos, Saramago é daquelas pessoas que nos fazem acreditar que vão viver para sempre, que sempre poderemos contar com a sua genialidade, mas não... Passado um dia lá consegui encarar a verdade... Agora que digiro a noticia apetece-me perguntar: "Morreu o escritor Português?" Escritor? escritor sou eu que despejo umas linhas para o papel de vez em quando... escritor é o "zé dos passarinhos" que escreve poesia crua na toalha de mesa... Pensando em escritores destes últimos anos, em quem pensamos? Saramago!... Não isso é muito limitado, pensado em escritores das últimas décadas, em quem pensamos?... Saramago... Não isso ainda é muito limitado... Pensando em escritores Portugueses do último século, em quem pensamos? Saramago... Mas vamos expandir a mente e vamos mais longe... Pensando nos escritores Portugueses de todos os tempos... Pessoalmente penso em Luís de Camões, Fernando Pessoa, Cesário Verde e José Saramago... Não meus amigos, não morreu um escritor Português, Faleceu o maior génio da Literatura Portuguesa dos últimos séculos (na minha humilde opinião claro)...
Um abraço

Tenshi
Lisboa
20/06/2010
01:21:36

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Resposta a um coração "ferido" e a uma longa despedida...

Lembro-me que quando era "miúdo" demorava muito à mesa quando não me apetecia comer... Acho que mantemos essa característica toda a vida, quando não queremos fazer algo arrastamos a coisa o mais que podemos (ou o inverso, quando queremos fazer a coisa perdurar)... Acabei por guardar a conversa porque algumas coisas me soaram tão bem que me inspirou para escrever um texto (para breve), adorei mesmo a teoria de que deveríamos nascer com alguém predestinado que nos fosse compatível poupava-nos muitas tristezas e muitas cabeçadas, apesar de isso fazer parte do processo de aprendizagem e formação de carácter, poupava-nos muitos dissabores e tristezas... Nos anos que trabalhei com crianças (principalmente no Karaté) aprendi não vale a pena dizer a uma criança que se ela fizer uma coisa de determinada forma daqui a uns anos ela vai conseguir fazer aquilo muito bem, ser o melhor... Não, a criança quer fazer aquilo agora!... E nós somos crianças, queremos ser felizes agora, não queremos esperar 2 anos para criar essa felicidade.. como "Alguém" disse: "mas apetecia me ser feliz agora", sim, a mim também, mas a felicidade instantânea é como os bolos instantâneos, junta-se leite, vai ao forno e já está... e perde-se na memória, passados uns tempos nem nos lembramos... Mas um bolo em que partimos os ovos, juntamos a farinha, o leite, o açúcar, o cacau, o fermento, misturamos tudo e provamos com o dedo, misturamos mais leite porque ficou muito "grosso", depois mais farinha porque ficou muito líquido...Depois mais um ovo porque adicionámos demasiado leite e farinha... Esses são diferentes, dão mais trabalho, exigem mais de nós, mais tempo, mas esses guardam-se na memória... E normalmente até saem da forma, e afinal de contas é isso que devemos desejar... Uma felicidade que nos encha e nos transborde...

PS- Obrigado, há muito tempo que eu não sentia o que senti hoje, a capacidade de escrever/descrever o turbilhão que normalmente me habita a mente e gostei do resultado... (se bem que deve ser difícil compreender, é normal...)
Obrigado C.N.

Tenshi
Lisboa
18/06/2010
01:23

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O Palhaçinho Triste


O "poema" inspirador de "Clownie"


Era uma vez um palhaço
Não era um palhaço como os outros
Não era um palhaço alegre
Era um palhaço triste
E era tão grande a sua tristeza
Que todos achavam graça
Á sua tola cara triste
Mas ninguém sabia
Que essa tristeza
Era toda a sua vida
Mas um dia o palhaço
Sentiu algo diferente
Sentiu que tudo era bom
Sentiu-se feliz...
Mas as pessoas diziam
Que ele já não era engraçado
Então voltou a ficar triste
Porque já não gostavam dele
E eles voltaram a rir
E triste o palhaçinho ficou feliz
Por ter recuperado a sua tristeza.

Tenshi
Grândola
Algures no passado

terça-feira, 15 de junho de 2010

O Velho



Sozinho
Num dia domingueiro
Alguém bateu á porta
Era um senhor velhinho
Mas distinto
Barba branca, olhos profundos
Daqueles que conseguem prescutar uma alma
Reconheci-o de imediato
Vendedor ambulante
Mostrou-me vários livros:
Este é de uma bela rapariga
Bela, inteligente, mas um pouco complicada
Também tenho este muito interessante
Sim, este baseia-se mais no interesse
Esta rapariga é morena, quase banal
Não fosse o seu ser tão belo
E por fim
Dos livros que penso lhe interessarem
Tenho este, não sei porquê lhe interessa,
É de um estilo de escrita totalmente diferente
Aqui a rapariga não é bela
Não é um ser magnifico
Mas se calhar gosta é do escritor, não?
Pedi-lhe que me mostrasse os três livros
Entregou-mos na mão
Olhei-os, devolvi-lhos,
Disse que não queria nada
Voltei-lhe costas e fechei a porta.
Não, não queria nada do velho Amor.


Tenshi
Grândola
05.12.98
20:37:35

terça-feira, 8 de junho de 2010

Mad world - My first video project here


Well, finally i went "out boarders", my first video is out, had no intention to do this, but "something" impeled me to... Actually it took a little longer than 30 min... But, what a heck, it was an insomania anyway... Click on play to watch...

It's possible that madness is no more than intelligence, who tired of this word's madness, has taken the intelligent decision to become mad...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Um Amor ... Assasinado


Tentas-te fugir
Sem saber o destino
Qualquer jardim longínquo
Soava a bom abrigo
Mas acorrentada á realidade
Não te deixavam sonhar
A dor permanecia
E o olhar encarcerrava as lágrimas
Que mesmo sem correr
Teimavam em não secar
Mas nem tudo era mau
Nem tudo pode ser mau
E entre os dias de caos
Descobrias-te a ti e ao teu mundo
Descobriste monstros e tesouros
Cavaleiros malvados e anjos
Tudo parecia um conto de fadas
Teria este um final feliz?
Não soube responder
E com as palavras que fluiam
Correram finalmente as lágrimas
E lavaram assim uma alma.
Quebrou-se o silêncio
E morreu um amor
Assassinado.

Tenshi
Grândola
15/03/2000
12:35:03

domingo, 6 de junho de 2010

Adeus



E agora vejo-te partir
E nada posso fazer
Eras tu que temias
Mas sou eu que sofro
Por tudo o que não é nada
Pela incerteza, ou por saber
E ter medo das palavras
Por isso fico quieto
Calado e retirado
Tal como a quem apenas lhe resta
Ouvir a longa música
E esperar que ela acabe
Para quê falar se os meus sonhos
andam perdidos por aí
em vez de frustrarem
os demónios na minha cabeça
e fico aqui á espera de ti
e até regressares
estarei só.

Tenshi
Grãndola
10/08/1999
01:41:50

Fallen Angel




Where did you left your wings
My fallen Angel
That's sutch a shame
You shouldn't hide them
You should show them to everybody
Then they would know
Why you are my Angel's princess
Just love to see
Your golden wings
Just love to feel
Your silky skin
A feeling
To see your reflexion
To be blinded in pleasure
By your glow
Two wonderful things
You and our lagoon
Where everything that stands
For us was born
My sweet fallen Angel
Did it hurt?
Did it hurt when you fell from heaven?

Tenshi
Grândola
13.01.98

Oásis




Na imensidão do meu deserto
Eu caminhava
Há tempos sem fim
Procurava o oásis
Com o qual sonhava
Sem saber que eras tu
Vagueava e desesperava
A areia não tinha fim
Como o sol que atormentava
Sedento da tua água
Avistei finalmente a salvação
Um oásis purificado
Uma perfeita encarnação
Corri como louco
Com medo que fugisses
Fiquei parado a olhar
Simplesmente lindo
A tua água quis provar
Ajoelhado como ao altar
Lentamente baixei as mãos
Para naquela maravilha tocar
Como feitiço quebrado
Transformou-se em areia
Tudo era outra vez imensidão
Apenas uma alucinação
Virei-me para o meu deserto
Já conhecido de longa data
E comecei a caminhar
É assim que morrerei
O meu oásis a procurar
Era apenas uma alucinação.

Tenshi
Praia do Carvalhal
16/08/1998
06:56:50

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Elefante e a corda


O Elefante e a corda

Quando um elefante nasce, desde os primeiros dias que o tratador o prende com uma corda, grossa apenas o suficiente para que ele nao a rebente. Com o passar do tempo, e das tentativas de se mover para além da distancia do comprimento da corda, ele apercebe-se que aquela corda, atada à sua pata, o impede de ir mais longe. E o pequeno elefante vai crescendo, fica maior, mais forte, mas a corda está sempre lá, na sua mente... Na sua pata basta agora um pequeno cordel, o elefante já nem tenta ir para além da distância dele. Por quantas vezes as nossas limitacoes nao sao apenas cordéis na nossa mente? Impostas também muitas vezes por nós próprios ...
Acho essencial para que possamos ir mais longe, para podermos caminhar em novas direccões, em lugares desconhecidos, é sem dúvida imperativo que, de vez em quando, tentemos dar um passo mais além, tentar o que nos parece impossivel, rebentar as nossas "cordas".

Tenshi
(inspirado num texto de Paulo Coelho, esse Enorme Senhor)
Grândola
Algures no passado

O porquinho que queria ser galo


O porquinho que queria ser galo

À nascensa todos somos iguais, mas durante quanto tempo?
Era uma vez... Um porquinho que queria ser galo, era o que ele mais queria na vida, desde que nascera que todos os dias olhava com grande admiracao para os galos da quinta. Comecou a imitá-los em tudo, subia para os poleiros , comia apenas milho, e todos os dias acordava mal o primeiro raio de sol rompia no céu e grunhia, o mais alto que conseguia, para anunciar o novo dia. Os donos nao achavam muita piada àquela barulheira logo de manha, mas nada disso importava, ele estava a viver a sua vidinha... de galo.
E assim se foram passando os dias entre galos e galinhas, que já o viam como um deles . E ele foi crescendo feliz, com as suas grunhidelas pela manhã. Até que um dia o seu dono pensou: Bem o porco já está grande, e bom para comer, vou fazer um jantar com os meus amigos. Foi um dia muito triste na quinta, todos os galos e galinhas ficaram destroçados ao perder o seu "desajeitado" porquinho, perdão, Galo!
E nessa noite, numa mesa cheia de pessoas, quando o primeiro convidado provou o jantar, disse: "É pá, este porco, este porco sabe a frango! "
Quando a força da vontade é suficiente, entao podemos alterar a natureza das coisas.

Tenshi
Grândola
Algures no passado

domingo, 30 de maio de 2010

Mundos mudos


Ligo directo para a caixa de correio só para ouvir a tua voz,
Sei que é cena fora mas todo o dia chega a hora
em que o lado esquerdo chora quando se lembra de nós
A vida corre tranquila, cada vez menos reguila
meto guita de parte e a cabeça não vacila tanto
Para minha alegria e meu espanto
Pode ser que o passado fique por onde deve estar:
No pretérito imperfeito, já que não é mais-que-perfeito,
Este é um presente que eu aceito
Para atingir a tranquilidade
Que supostamente se atinge com a nossa idade
A verdade é que a saudade do que passou
Não é mais que muita...
Mas por muita força que faça ela passa por saber que te vivi...
Tu deste tudo e eu joguei, arrisquei e perdi
Agora,

Muda o teu número, eu mudei o meu,
Muda o teu número, eu mudei o meu,
Muda o teu número, eu mudei o meu,
Muda o teu Mundo, que eu mudei o meu.

Cada vez que eu ligo tento deixar mensagem
mas acabo por nunca arranjar a coragem necessária
Gostava apenas de partilhar o quotidiano habitual
Nada que se compare com as correrias
doutras alturas e doutros abismos
E já que falo por eufemismos
Gostava de dizer que ainda gosto bastante de ti...
A casa tá diferente, parece digna de gente
Dá gosto sentar no sofá com a tv pela frente
Comprei uma máquina de café, Xpto, bem bonita, azul bebé
Ocasionalmente cozinho e bebo o meu vinho
E esqueço o fumo que nos dava aquele quentinho
Hoje em dia é mais à base do ar condicionado
Condicionei a tentação num clima controlado
Quero que saibas que tou bem, sei que tu mais ou menos
Sempre gostaste de brincar em perigosos terrenos
Em relação a isso eu não sei o que fazer
E se calhar é por isso mesmo que acabo por não dizer
que a verdade é que a saudade do que passou
Não é mais que muita...
Mas por muita força que faça ela passa por saber que te vivi...
Tu deste tudo e eu joguei, arrisquei e perdi
Agora,

Muda o teu número, eu mudei o meu,
Muda o teu número, eu mudei o meu,
Muda o teu número, eu mudei o meu,
Muda o teu Mundo, que eu mudei o meu.

Palavra de honra


A caminho da essência eu verifico a cadencia
Da matéria que se mostra mim livre de regência
Mato a dor de sentir demais, de amar demais, de pisar demais
Em convenções fundamentais
Encho a cabeça mas não há carga nos contentores
Digo olá aos meus amores, bem-vindas novas cores
Da utopia eu crio filosofia todo o dia quando a apatia
Senta no meu colo e arrelia
Eu faço a liturgia da verdadeira alegria
Musica nos meus ouvidos agua benta em benta pia
A caminho com prudência eu não esqueço a violência
Que levou alguns dos melhores da minha existência
Mata a saudade de curtir demais,de tirar demais, de pisar demais
Em convenções fundamentais
Eu uso o tacto pra trazer a agua da minha fonte
Hoje em dia nem sequer preciso atravessar a ponte
Tenho a palavra escrita a tinta negra na minha pele
Menina dos meus olhos, doce como o mel
Palavra puxa palavra põe-me disponível pra amar
Tudo aquilo que me seja sensível
E não são poucos aqueles que eu quero sem sequer os poder ver
Foi tanto o que me deram para nunca mais esquecer
Palavra de honra, guardo a palavra no meu bolso
Na parede, no conforto de uma cama de rede
Palavra de honra

sábado, 29 de maio de 2010

Coisas sem nome



Coisas sem nome...
Um nome para cada coisa, cada coisa com o seu nome...

Além de tudo o resto uma das coisas que eu tenho saudades do escudo é que ele tinha um símbolo com um nome, dava-lhe personalidade, pois é todos nós sabemos que o símbolo do escudo se chamava cifrão… Mas então e agora, com esta coisa do euro…Alguém me sabe dizer como se chama o símbolo do Euro? Sim, esta coisinha €, que governa as nossas vidas e nem se digna a apresentar-se convenientemente.

E o coitado do bicho-da-seda, não merece um nome? Será por ser um insecto ou porque a seda que ele produz é muito mais importante para nós do que o próprio animal em si? Por acaso chamamos à vaca bicho do leite, ou à ovelha bicho da lã? Sedoso não era um nome “giro”?

Há duas cores que sempre foram as ovelhas “negras”, primeiro, o cor-de-laranja, mais uma vez a mesma situação (gostava de ver o amarelo ser chamado de cor-de-banana), mas pior ainda o cor-de-rosa, se pensarmos bem, quando pensamos em rosas, a imagem mais instantânea não são rosas cor-de-rosa, mas sim vermelhas, ou encarnadas, dissecando bem a questão o cor-de-rosa é na realidade vermelho, o que me traz a outra cor da qual tenho ressalvas em relação ao nome, mas porque raio o vermelho (ou encarnado) tem direito a dois nomes (sem contar com o nome roubado ao rosa)? Entendamo-nos de uma vez e paremos com a dualidade de critérios.

Com todos os avanços tecnológicos que temos vindo a sofrer (sim, com muitos deles ainda vamos sofrer, e bastante...) houve a necessidade lógica de criar novas expressões, verbos e afins, um que eu acho especialmente curioso é o "clickar". Se pensarmos um pouco, clickar é um verbo que descreve o acto de fazer click, mas eu não faço click, quem o faz é o rato, eu só pressiono o botão do rato, por isso esta acção apesar de ter um nome, o mesmo não é propriamente correcto, foi apenas uma invenção de palavra provavelmente causada pela pressa de a descrever. Ee clicko, tu clickas, ele clicka, nós clickamos, vós clickais, eles clickam... (nós somos idiotas...isto sim uma boa conjugação do verbo "clickar")


Tenshi
Lisboa
29/05/2010

Entra no meu Jardim Zen



Zen é aqui
Zen é lá
Zen é todos os lugares

Zen é dentro
Zen é fora
Zen é todos os lados

Zen é yin
Zen é yang
Zen is yin-yang

Zen é Tai
Zen é Chi
Zen é Tai Chi

Zen é Boddhisatva
Zen é Siddhārtha
Zen é Buddha

Zen és Tu
Zen sou Eu
Zen és Tu e Eu:
Zen somos nós!

Arabic proverbs



I love proverbs, most of them are pure wisdom condensated in a sentence, and Portuguese culture seems to be the richest in proverbs (about 600, i think), but today i wanted to share some from a different culture because probably like me they are new to you...


A book is a garden carried in the pocket.
A book that remains shut, is but a block.
A kind word can attract even the snake from his nest.
A little and a little, collected together, becomes a great deal; the heap in the barn consists of single grains, and drop and drop makes an inundation.
A little bird wants but a little nest.
A little body doth often harbour a great soul.
A little debt makes a debtor, a great one an enemy.
A man profits more by the sight of an idiot than by the orations of the learned.
All mankind is divided into three classes: those that are immovable, those that are moveable, and those that move.
Beware of one who flatters unduly; he will also censure unjustly.
Compete, don't envy.
Death is a black camel that lies down at every door. Sooner or later you must ride the camel.
Death is a black camel which kneels at every man's gate.
Diligence is a great teacher.
Diligence is the mother of good luck.
Do not cut down the tree that gives you shade.
Fear not the man who fears God.
I am a prince and you are a prince; who will lead the donkeys?.
If begging should unfortunately be thy lot, knock at the large gates only.
If you have much, give of your wealth; if you have little, give of your heart.
If you stop every time a dog barks, your road will never end.
Judge a man by the reputation of his enemies.
Judge not of a ship as she lies on the stocks.
Know each other as if your were brothers; negotiate deals as if you were strangers to each other.
Knowledge acquired as a child is more lasting than an engraving on stone.
Knowledge is a treasure, but practice is the key to it.
No man is a good physician who has never been sick.
One coin in the money-box makes more noise than when it is full.
Salt will never be worm-eaten.
Search knowledge though it be in China.
Silence is the best answer to the stupid. The fool has his answer on the tip of his tongue.
Sinning is the best part of repentance.
Sins of omission are seldom fun.
The different sorts of madness are innumerable.
The difficult is done at once, the impossible takes a little longer.
The hasty and the tardy meet at the ferry.
The hasty angler loses the fish.
The hasty hand catches frogs for fish.
Throw a lucky man in the sea, and he will come up with a fish in his mouth.
Throw dirt enough, and some will stick.
Trust in God, but tie your camel.
Trust makes way for treachery.

P.S.- I know that some of you don't understand Portuguese, some others don't understand English, so I'm trying to translate and post bilingual messages...

P.S.- Eu sei que alguns não entendem Português, outros não entendem Inglês por isso estou a tentar traduzir e colocar todas as mensagens nas duas línguas.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Ningen banji saiou ga uma


Pois é, hoje foi a noite da cultura Japonesa, talvez porque era aí que encontrava mais referências para expor tudo o que queria dizer, a mim próprio ou a outros com os devidos eufemismos, agora cabe a cada um fazer o desenho... Se não gostar do desenho que fez, então pode deitar fora, ou pode fazer como eu fiz: pegar numa moldura pequenina (pequenina para nos obrigarmos a ver fora dela "think outside the quare"), colocar lá o "grande desenho" e pendurá-lo na parede da mente, talvez se ganhe um pouco de paz de espírito...

Por fim fica um provérbio (japonês claro) no qual tenho pensado muito ultimamente quando dou comigo completamente frustrado com as coisas que me têm sucedido...


"As coisas humanas são como o cavalo de Saiou."
Dizem que há muito tempo no Japão havia um ancião chamado Saiou. Um dia o seu cavalo fugiu. Os vizinhos lamentaram seu desfortúnio mas Saiou disse "quem sabe se isso não foi uma grande sorte?". Dias depois o cavalo retornou, trazendo consigo uma égua. Seus vizinhos deram-lhe os parabéns pela boa sorte mas ele disse "quem sabe se isso realmente foi uma grande sorte?". Algum tempo depois o filho de Saiou sai para cavalgar, cai da égua e parte a perna. E isso foi uma grande sorte, todos os jovens da localidade foram convocados para lutar no exército do Imperador, e houve muitas baixas. O filho de Saiou foi o único sobrevivente.



E cada vez me preocupo menos com as coisas más que me acontecem, porque só quando o "grande desenho" estiver colorido é que terei um pequeno vislumbre do que foi bom ou mau...

Wabi Sabi “A beleza na imperfeição”


A beleza na imperfeição e a beleza do tempo

Wabi Sabi é uma expressão japonesa usada para definir a harmonia visual que existe na imperfeição. Olhar e tentar observar tudo com simplicidade, naturalidade, e atenção a realidade que está a nossa volta.

Varrendo um grande jardim:
Numa linda noite, um dos maiores mestres da cerimónia do chá no Japão, Takeno Joo, recebeu em seu mosteiro um jovem chamado Sen no Rikyu, que bateu à sua porta querendo aprender os complicados rituais da cerimónia.
Takeno abrigou o rapaz e pediu que, no dia seguinte pela manhã bem cedo, antes das orações, ele varresse o jardim externo do mosteiro, que era todo circundado de cerejeiras em flor.
Pela manhã Rikyu, começou feliz seu trabalho e, ao final de algumas horas, o jardim estava completamente limpo e sem folhas. Olhou mais uma vez e, antes de chamar o seu mestre, verificou cada centímetro de areia e pedras para ver se estavam completamente limpas.
Quando o mestre chegou Sen Rikyu dirigiu-se para uma árvore central do jardim e sacudiu um de seus galhos e algumas flores caíram no areia e nas pedras do jardim. Ele retornou e disse ao mestre: Agora sim, está tudo em harmonia. O mestre Takeono sorriu e, daquele dia em diante, Sen Rikyu tornou-se um dos seus melhores alunos e tornar-se-ia, com o tempo, um dos maiores e mais revolucionários mestres da cerimónia do chá no Japão.

A cultura Zen e Taoísta mostra que a acção do homem tem que ser leve e harmoniosa quando lida com a natureza e com o que está à sua volta. Não devemos interferir de maneira que se perca a essência da vida: nascimento, amadurecimento e morte são um ciclo e devem ser respeitados. Devemos enxergar e admirar aquilo que o tempo desgasta e toca com suas mãos.
Ter uma visão Wabi Sabi é ter um olhar melancólico, sabendo que á vida é feita de várias etapas passageiras, e o pensamento Budista retrata bem esse sentimento.

“Todas as coisas são impermanentes. Todas as coisas são imperfeitas. Todas as coisas são incompletas”.

CHOROU O ONI VERMELHO (NAITA AKA-ONI)


Era uma vez um monstro que se chamava "ONI" vermelho que morava sozinho numa casa no pico duma montanha. Era simpático e dócil. Queria ser amigo das pessoas da vila e desejava viver amigavelmente com elas. Mas, ele tinha uns cornos na cabeça e a sua cara era feia e terrível. Portanto, as pessoas da vila tinham medo e não se aproximavam da sua casa.
Um dia, o oni vermelho fez uma placa de aviso.

"Aqui, vive um oni vermelho que é muito simpático. Venham visitar a casa. Venham brincar comigo. Tenho uns bolos bons e também tenho chá bom."

O oni vermelho esperava visitas com muita expectativa.
Nesse momento, dois agicultores, depois de lerem a placa, decidiram visitá-lo. O oni vermelho acolheu-os bem. Mas eles tinham dúvidas.
- Este monstro vai enganar-nos.
- Provavelmente, vai comer-nos.
E fugiram para a vila.

O oni vermelho ficou desanimado, tirou a placa e deitou fora. Naquele momento, um oni azul foi a casa do oni vermelho.
- Ó meu amigo, oni vermelho, porquê é que estás zangado?
- perguntou o oni azul.

Depois de o ouvir, ele consolou-o.
-Tenho uma boa ideia. Eu vou à vila e faço coisas violentas. Então, tu atacas-me! Depois, as pessoas da vila pensam que tu és o oni bom.
-disse ele.

Primeiro, o oni vermelho recusou com reserva. Mas, o oni azul levou-o à vila.

Depois de lá chegar, o oni azul entrou numa casa e fez coisas muito más. As pessoas na vila ficaram perplexas. Então, o oni vermelho apareceu e apanhou-o.

- Bate-me, oni vermelho! - sussurrou o oni azul.

- Não, não posso. - disse o oni vermelho.
- Não! Se tu não me bateres com força,
a nossa representação é descoberta!
- disse o oni azul.

O oni vermelho pediu interiormente desculpa e bateu-lhe com força.

Quando as pessoas da vila viram isto, sentiram que o oni vermelho era bom e simpático. Muitas pessoas da vila visitaram a casa do oni vermelho, ele fez muitos amigos e estava muito contente.

Uma semana passou e o oni vermelho começou a ficar preocupado com o oni azul, porque nunca mais se tinham encontrado depois da questão na vila.
Então, o oni vermelho decidiu visitar a casa do oni azul numa outra montanha.

A casa estava calma e a porta estava fechada.

- Não está cá o oni azul? - pensou o oni vermelho.
E, viu uma carta na porta.

A carta dizia:
- Oni vermelho, vive amigavelmente com as pessoas da vila.
Nunca mais vou ter contigo.
Se continuar a andar contigo, talvez eles duvidem de ti.
E isso não é bom para ti.
Portanto eu decidi partir daqui para uma viagem.
Mas, nunca te vou esquecer.

Do teu amigo, o oni azul.

O oni vermelho leu a carta repetidamente e apoiando-se na parede, continuou a verter lágrimas.



Kousuke Hamada

A RAPOSA GON (GONGITSUNE)


Era uma vez uma raposa que morava sozinha numa floresta. Ela chamava-se Gon, era simpática, mas travessa. Todas as manhãs e todas as noites, ia à vila e fazia algumas travessuras.
Num Outono, depois de ter chovido durante alguns dias, ela foi ao rio. A água do rio tinha subido. Um homem que se chamava Heiju, estava a pescar enguias com uma rede. Isto era para a sua mãe que estava doente. A Gon não sabia isso e deixou fugir todos os peixes que ele tinha pescado.
Passaram 10 dias, e a Gon ouviu o tocar do sino para um funeral na vila. Ela foi à vila e viu o funeral da mãe do Heiju e, quando viu o Heiju tristonho, ela lembrou-se da sua mãe que já tinha morrido.
- Por causa de mim, o Heiju não pôde dar as enguias à mãe.
- arrependeu-se a Gon.
Então a Gon roubou uma sardinha a um peixeiro, e pô-la em casa do Heiju. No dia seguinte, apanhou umas castanhas e pô-las lá em casa.
O Heiju achava estranho que todos os dias aparecesse qualquer coisa lá em casa. Um amigo dele disse-lhe que era Deus que lhe dava prendas.
A Gon continuou a dar-lhas.
Um dia, quando a Gon entrou em casa, o Heiju encontrou-a. Como sabia que a raposa tinha deixado fugir os peixes, achou que ela tinha vindo para fazer travessuras.
-É a Gon, a raposa má. Vens para fazer mal uma vez mais!?
O Heiju não sabia que era a Gon que lhe tinha dado as prendas, e apontou a espingarda para ela.
- BANG!!
O som do tiro ecoou e o corpo da Gon voou.
Então, as castanhas que ela tinha em seu poder, dispersaram-se.
- Gon, então eras tu quem fazia isto!
O Heiju ficou surpreendido e abraçou-a. A Gon fechou os olhos e assentiu devagar com a cabeça no braço do Heiju.
O fumo azul ainda estava a fumegar da espingarda....

Nankichi Niimi

terça-feira, 25 de maio de 2010

Resistance - MUSE

Esta é a música que mais me tem inspirado ultimamente, entenda-se por inspirado, o dar força, o alento, a esperança, o querer avançar e procurar algo melhor...
Countdown: 63h...

http://www.youtube.com/watch?v=TPE9uSFFxrI

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Scorpion



"A Scorpion stands by a river shore, needing to get over to the other side of the river. But the Scorpion knows that he was unable to swim over. The Scorpion noticed a Turtle further up the river shore, so he went over to the Turtle. The Scorpion kindly asked; ’Dear Mr. Turtle can you please take me upon your back, and take me to the other side? The Turtle looked intensely at the Scorpion and replied; ”If I take you upon my back, then you will surely sting me with your poisons tail.” The Scorpion quickly said; ’No Dear Mr. Turtle, I really need to go across to the other side. And if I sting you with my tail, then I would drown too. So no Dear Mr. Turtle I will not sting you.’ The Turtle thought about what the Scorpion had said, and decided that the Scorpion made sense. The Scorpion crawled up on the Turtle’s back, and the Turtle began the journey towards the other side of the river. When they were almost over, the Scorpion suddenly stung the Turtle and the Turtle screamed ‘Why did you sting me, when you promised me otherwise, now we will both die’ and the Scorpion replied ‘Sorry Mr. Turtle but this is my nature’."



TENSHI

And i'm a scorpion, i don't sting, but i got my own nature that can't change...
And i already was when you met me...

Goodnight moon




"
Goodnight Moon,
Gone Too Soon.

11:11.
Gone Too Heaven.
12:12
Hanging Off The Shelve.
1:01.
No More Fun.
2:02.
What Happened Too You?
3:03.
The Truth You Shall Never See.
4:04.
Should I Knock On Your Door?
5:05.
The Darkness Did Thrive.
6:06.
Time Plays Tricks.
7:07.
Your Death Was At 11:11.

Goodnight Moon.
Gone Too Soon.
"

quarta-feira, 19 de maio de 2010

By Your Hands


I think I lost my way
I’m drifting
Trying to go to the farest lands
Where there’s no Sheppard’s, no priests
Lightning my way, the big candles
But with weak light
Thunderstorms will follow me
I already can hear their steps in the clouds
Wind’s so strong that I can hardly bread
I reached the palace
It’s so beautiful
It has a stairway
Windows with all the colours
It’s surrounded by a big forest
And has a lake behind it
As I reached the first step
Water started falling from the stairs
It reminded me the tear
Falling from your face
You’ve got to see it
It’s so marvellous
Come to me, ride the white goose
He will lead you to me
That’s all, it’s all I ask
Please do
Please talk
So I can shut you with my lips.

TENSHI
Grândola
Algures no passado

(in)JUSTIÇA


O tempo cura tudo
Mas o quê cura o tempo
O sol aquece-nos
Mas quem aquece o sol
A noite dá-nos abrigo
Mas quem abriga a noite
Os pássaros cantam para nós
Mas quem canta para os pássaros
O sábio ensina-nos tudo
Mas quem ensina o sábio
As árvores dão-nos sombra
Mas quem dá sombra ás árvores
O vento acaricia-nos a pele
Mas quem acaricia o vento
O universo rodeia-nos
Mas o quê rodeia o universo
Eu gosto de tudo
Mas o quê gosta de mim
E o tempo fica magoado
E o sol arrefece
E a noite fica desprotegida
E os pássaros não cantam
E o sábio não ensina
E as árvores não dão sombra
E o vento pára de soprar
E o universo afasta-se
E tu gostas de mim
E então tudo fica bem...
E tudo cura o tempo
E o universo aquece o sol
E o sol abriga a noite
E o vento canta para os pássaros
E as árvores ensinam o sábio
E a noite dá sombra ás árvores
E as árvores acariciam o vento
E a noite rodeia o universo
E eu gosto de ti
E então tudo fica bem...

TENSHI
Grândola
Algures no passado

(titulo oculto)


Quem procuras entre a multidão
Quem desejas para objecto da visão
Procuras-me a mim ?
Tal como eu te procurei a ti
Quem me dera que me alegrasses
Terminando a tua busca
Ao olhar para mim
Mas não me vês
E fico só eu a contemplar-te
Tudo á tua volta se torna
Num imenso imiscível de cores
E que bela paisagem és tu
E interrogo-me de onde vem
Esta nova cor do céu
Que tanto me deslumbra
E rouba de ti a minha atenção
Procuro-te de novo, mas não te encontro
E sofro pelo que temo
Temo não te encontrar
Procuro incessantemente a imagem
Que aos meus olhos tanto agrada
Mas não encontro
Até que sinto algo diferente
E viro-me repentinamente
És tu. E olhas para mim.
Fecho os olhos para reter o momento
Sinto o teu corpo
A aproximar-se de mim
A tua mão meiga no meu rosto
E a tua voz profere docilmente as palavras:
Quem procuras entre a multidão?


TENSHI
GRÂNDOLA
03/10/99
06:21:33

OBRA PRIMA


Pede-se a um poeta
Que escreva sobre amor
Ele vai ao cinema
Ver um filme romântico
E encontra um casal apaixonado na rua
É bastante para ele
Então chegado ao seu refúgio
Começa a fingir que sente
O amor que apenas viu
Mas com um turbilhão na cabeça
Custa-lhe a descrever
as leis de Vénus e de Cúpido
tenta-se interiorizar
na esperança de daí sair
a sua invocada obra
é então que
quase num acto de desespero
rabisca o papel fugazmente
no qual se ficou a ler:
O Amor não é um objecto
Não se pode tocá-lo ou possuí-lo
O Amor é uma visão
Compartilhada por dois amantes
que se empenham em torná-la real.


TENSHI
GRÂNDOLA
15.09.98
03:44:46

terça-feira, 18 de maio de 2010

Clownie


Um espelho, uma bola vermelha, maquilhagem. Olha-se no espelho e vê aquele fato, tão ridículo ao ponto do cómico, tão companheiro de toda a vida, ao ponto de lhe tomar carinho. Um fato azul com bolinhas vermelhas e pompons amarelos, igual ao que a mãe lhe fez quando era pequeno, foi essa a ultima recordação deixada pela mãe, a quem o chão deixou de estar por debaixo dos pés e passou a ficar por cima da cabeça.
Houve quem dissesse que o rapaz não ficou bem depois do sucedido á mãe, houve quem dissesse que o rapaz ficou apegado ao fato, houve quem dissesse que o rapaz apenas descobriu que gostava de ser palhaço, certo é que a partir desse dia não mais quis largar o fato. Até ao dia em que (de acordo com as leis natureza) já não coube nele. Hoje já tem um guarda roupa cheio de fatos azuis, com bolinhas vermelhas e pompons amarelos... Mas aquele é o melhor e mais bonito, sempre será. Hei-nos de novo com o nosso herói, sim, não digam a ninguém, digo-vos isto em segredo, mas na realidade ele é um, um pouco diferente dos outros heróis, mas ele é, tenho a certeza...
Como que acorda de um sonho dócil e espanta-se ao ver a sua face branca e com as pinturas habituais, os gestos, os rituais, já se tornaram tão mecânicos que já nem os nota. Falta apenas o toque final, pega na delicada batatinha vermelha e coloca-a no nariz.
Está pronto para o espectáculo (ou será vida...).
Sai do seu pequeno mundo e começa por fazer equilibrismo sobre o fio que separa a realidade da fantasia, o publico aplaude este espectáculo insanamente, mas de entre todos ele repara numa menina que está sentada quietinha e cabisbaixa no seu lugar. Ele hesitou, mas dirigiu-se a ela e estendeu-lhe a mão, mas ela ficou apenas a olhá-lo e aqueles olhos profundos de tristeza fizeram-nos lembrar um olhar que ele já tinha visto no espelho há muitos anos atrás quando ainda era menino. Os olhos dele falaram-lhe e ela deu-lhe então a mão e seguiu-o chegados ao centro do pequeno mundo do palhaço, ele segurou um dos pompons e puxou-o do fato. Abriu a mão da menina e deixou-o lá como se fosse o seu bem mais precioso. Ela olhou-o, olhou o pompom e metendo a mão no bolso, retirou de lá uma estrela .
E então, estendendo-lhe o braço que segurava a estrela disse-lhe:
“A minha mãe disse que um dia encontraria uma pessoa especial. Tu és uma pessoa especial?”
Sim, sem dúvida sou uma pessoa especial (disse ao aceitar a estrela), sou a única pessoa que tem uma estrela tua.
E saíram os dois de mãos dadas, segurando uma estrela e um pompom...

Não vos disse que ele era um herói?



TENSHI
Grândola
Algures no passado

A PONTE PARA A ETERNIDADE


Deixou pousar por um momento os pensamentos e abriu os olhos demoradamente, e da escuridão das suas pálpebras passava agora a percepcionar o castanho-esverdeado que subitamente, como que por encanto, aparecia à sua frente. A retina expandiu-se para abarcar todo o objecto da visão, e sorriu. O que sentiu nesse momento até a Vénus lhe custará descrever. Imagine-se a coisa que mais se quer, que nos faz sentir bem e felizes, que mais se ama... Foi isso que ele viu, (não sendo assim de admirar o seu sorriso). E docilmente uma mão tocou-o no rosto, ele, acompanhava cada movimento da mão, como que com medo que aquele toque cessasse. E aquela mão dotada de um enorme carinho percorreu-lhe o corpo até chegar à sua. Ai então as duas mãos, geralmente banalizadas, firmaram uma comunhão entre dois espíritos que se mostrava perfeita, e assim se mantiveram durante muito tempo... Até que um dia, enquanto passeavam num jardim, orgulhosos e felizes por as suas mãos se manterem juntas, aconteceu o inesperado...Repentinamente notaram que entre eles passava uma senhora com um carrinho de bebé, cada um tinha ido pelo seu lado e o medo apoderou-se deles, iriam as suas mãos separar-se?
Olharam a medo um para o outro e (como que) sem controlarem os próprios corpos, os seus braços levantaram-se, e a senhora passou empurrando o carrinho com o seu bebé...
E a imagem que ficou foi a de uma ponte, para eles, uma ponte para a eternidade...
 
 
 
TENSHI
Grândola
26.05.2000
04:10:03

Chains of Aras


Um Anjo vivia no palácio dos Anjos e um dia visitou o Reino da Terra, embrenhava-se nos bosques, voava com os pássaros e encharcava-se nos rios mais límpidos como se fosse apenas de luar que ele se encharcava .Mas de repente hesitou, e o mundo hesitou com ele, modificado para sempre pela pausa.
Ironicamente era ali na terra que ele acabara de encontrar o seu Anjo, não era um Anjo de verdade, mas um ser humano tão belo que ele se atrevia a chamar-lhe Anjo. Voou até junto dela e começou a voar e rodopiar à sua volta que até parecia um fogo-fátuo tonto. Sim, definitivamente mesmo entre os Anjos ela era uma deusa.
De imediato voltou ao Palácio e pediu para falar com o Príncipe, este disse-lhe que havia uma maneira de ele se juntar a ela, ele teria de encontrar as Correntes de Aras, mas logo o preveniu que se o tentasse e não o conseguisse até à meia noite do dia seguinte perderia as suas asas e seria enviado para o silencioso mundo de desfeitos sonhos.
Onde estão as correntes de aras? _perguntou o Anjo.
Estão onde as queres encontrar. _respondeu o supremo.
Mas o que são as correntes de aras? _insistiu.
São o que mais desejas no mundo, é aquilo que te pode acorrentar às terra e à tua deusa, mais não posso dizer... Boa sorte se o tentares.
Sem hesitar respondeu: Sim hei-de as encontrar.
E partiu... Procurou, procurou, percorreu todo o Reino da Terra, mas não encontrou nada que se parecesse com aquele estranho artefacto que se chamava Correntes de Aras e então já desesperado voou até ela. Dormia com uma paz que dava prazer só ficar a olha-la, mas era quase hora, e então, notou algo diferente: viu a mulher, não o anjo, não a deusa, mas a mulher que ela era, e beijou-a.
Ela acordou suavemente, olhou-o como se o conhecesse de longínquos tempos e disse: Olá Amor!
E foi essa palavra que o despertou: O Amor. Claro, era nela que ele queria encontrar o amor e era o amor que o mantinha preso a ela.
Sim, as Correntes de Aras eram simplesmente o Amor...



TENSHI
Grândola
Algures no passado