quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O peso do conhecimento

Um idoso, vagueando pelo centro do mercado em Dhantara, India, estava muito chateado por ter sido ignorado por um pequeno grupo de devotos de “Hare Krishna”, que andavam a recolher donativos de frutas e verduras na feira local.
Aproximou-se de outro idoso, sentando-se confortavelmente no passeio, enquanto o outro estava afagando um gato no seu colo e contemplando o movimento da feira e disse:
“Você já reparou na insolência de alguns destes jovens, ainda tão inexperientes e indisciplinados na vida, que passam apenas e ignoram-nos como se nem estivessemos aqui? Acho isso completamente desrespeitante... Com os nossos cabelos brancos e uma vida de experiência, deveriam aproximar-se e humildemente prestar os mais respeitos e mais ressonantes cumprimentos!”
O outro idoso acenou ligeiramente, mas considerou:
“Eu compreendo o seu ponto de vista… mas surpreende-o como as coisas podem ser vistas de forma diferente se alargarmos a visão sobre o assunto?…”
- “E que visão mais alargada poderá ser essa?” Perguntou o primeiro idoso.
“Exactamente o facto de carregar tanto conhecimento e tanta experiência pode fazer parecer a estes jovens que carrega um pesado fardo e de estar em sofrimento… E todos esses “bens” podem estar a eclipsar a simplicidade e a espontaniedade da sua luz interior, tal como um diamante bem-lustrado pode totalmente ser coberto por camadas de seda perfumada… Esse fardo poderá fazer com que aos olhos deles o considerem um ser Humano que, ao invés, considerem não ser apropriado de quem se aproximar e falar”... Levantou-se e começou a caminhar...
Enquanto o primeiro idoso assombrado pela lição, tendo vivido a mais intensa introspecção da sua vida, lentamente afastou-se do local… para uma nova realidade!...

Mendigo...por ti...

Hoje vinha pra casa e vinha a pensar:
a noite protege os amantes,
e desprotege os vagabundos
a noite protege-me a mim,
mas desprotege o meu coração mendigo...
que hoje se torna um
o meu coração à noite fica desprotegido,
como um mendigo,
a mendigar pelo teu amor...
fica sem paz e sem refugio,
sem guarita e sem recosto
e é assim que ele tem está,
para me conduzir,
sem abrigo e sem esconderijo...
sem porto seguro
e sem cais para aportar...
Dá luz ao farol
para de aí me guiar
e de aí me seguir
e de aí me perder...

TENSHI
Lisboa
23/09/2010
20:16